quinta-feira, 17 de novembro de 2011

FRACASSO DOCENTE OU DISCENTE ? – ONDE ESTÁ O CULPADO?

RACASSO DOCENTE OU DISCENTE ? – ONDE ESTÁ O CULPADO?
 
_¹ Josiane Santos de Oliveira-  Professora da Escola Nilo Coelho graduada  em Licenciatura em Geografia
²
Durante a realização do curso de Licenciatura em geografia foram 
apresentadas teorias sobre metodologias que deveriam ser colocadas em 
prática em sala de aula.  Discussões vinham e iam e lá estávamos nós, 
professor e alunos, retomando, reavaliando, rediscutindo assuntos já 
discutidos. Tais assuntos parecem contrapor com o cotidiano visto nas 
unidades de ensino, o que causou-nos um desconforto que levou-nos a 
pergunta: O fracasso observado no sistema educacional de quem é a culpa?
Quando se fala em fracasso, supõe-se algo que deveria ser atingido. Ele é 
definido por um mau êxito, uma ruína. Porém mau êxito em quê? De acordo com 
que parâmetro? O que a nossa sociedade atual define como sucesso? Daí a 
necessidade de analisar o fracasso no sistema educacional de forma mais 
ampla, considerando-o como peça resultante de muitas variáveis. Para 
arriscarmos responder à pergunta, entendemos ser necessário refletir, 
primeiro sobre que modelo de educação e sociedade estamos falando e que tipo 
de cidadão queremos formar.
A LDB 9394 art. 62 estabelece: “A formação de docentes para atuar na 
educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de 
graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação...”. 
Podemos entender que a Lei de Diretrizes e Base requer a formação 
qualificada de professores. Esta propõe que todos os educadores devem está 
cursando uma faculdade até o ano de 2007.   Diante deste pressuposto, 
podemos entender uma responsabilidade maior em torno da formação docente.
Devemos também colocar em pauta que muitos educandos se colocam em campo de 
defesa, pois a mesma que requer a qualificação de professores adota o 
sistema da não reprovação. Isso abarca conflitos na relação docente verso 
discente. Pois a motivação do aluno é condicionada pela necessidade de 
obtenção notas e a do professor de receber seu salário.
UM PASSO PRA FRENTE DOIS PASSOS PARA TRÁS?
O curso de geografia considera essencial a formação de professores como 
ponto de partida para dar aos alunos a oportunidade de participar de 
programas de educação científica, bem como oportunizar o professor a 
utilizar desse requisito no exercício de sua docência. Para tanto tem 
realizado estudos tanto na área de pesquisa quanto no campo da docência, 
sendo considerado como um grande avanço na geografia.
Entendemos que é  na escola que o aluno inicia sue trajeto profissional, por 
isso faz-se necessário a urgência de uma prática cada vez mais próxima da 
realidade do aluno que está em contato com o mundo. No entanto o fato é que 
o ensino de base presenciado nas salas de aula durante nossas observações de 
estagio  nega  os estudos e avanços de pesquisas.
“A educação escolar e o professor que a ministra não têm, no geral, um 
referencial de mundo que se compatibiliza com a realidade circundante e com 
seus possíveis avanços. O espaço educacional parece imune, preservado desses 
avanços, mantendo o velho, pela indiferença às mudanças do meio” (MANTOAN, 
1997).
Para Jacques Delors, 1999, “... as aprendizagens devem evoluir e não podem 
ser consideradas com simples transmissão de prática...”. A educação é 
impossível a não ser que o sujeito encontre algo no mundo que lhe permita se 
construir dando-lhe um novo sentido, uma experiência em que se torna sujeito 
ativo na construção de sua própria senda. Tomando por referência as 
atividades próprias do sujeito do saber  ser, fazer, conhecer e conviver.
 
A QUEM ATRIBUIR A RESPONSABILIDADE?
 
O fracasso escolar ou a falta de interesse pelas aulas, de forma enigmática, 
sobressalta nossas inquietações. Em geral os professores explicitam teorias 
abstratas que não alcançam os educandos e os mesmo respondem com sua falta 
de motivação dizendo:
“Eu não vejo nada de interessante nas aulas, os professores até que são 
legais, porém, fazem sempre as mesmas coisas, outros não ensinam nada, por 
isso eu só vou a escola em época de prova. Apareço de vez em quando para não 
perder a vaga”, diz Elder Carlos, estudante do Colégio Estadual  Noêmia 
Rego, repetente há três anos na 1ª série do Ensino Médio.
Precisamos entender o que está acontecendo com nossas escolas, o que e 
quanto ainda precisa mudar. A educação deve está alicerçada em quatro 
pilares que são:
 
 
 
Segundo César Coll
“A realidade sócio-cultural e econômica do aluno interfere e influencia no 
seu desempenho escolar, assim como as condições de trabalho do professor e o 
aparato que o sistema oferece para formação  e aprimoramento de sua 
prática.” Coll(2002)
 
Alguns educadores atribuíram aos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), a 
responsabilidade de exigir excessivamente, levando ao descaso dos 
professores que se vê impotente em realizar o que se espera,  o que é uma 
idéia totalmente descartada , pois os PCNs foram apresentados apenas como 
referência e não uma obrigatoriedade. Não podemos dizer a quem podemos 
atribuir a responsabilidade para que o ensino seja tão insalubre para os 
alunos. Porque para responder a esta questão precisamos refletir bem sobre o 
que se espera da escola em seu papel social.
 
Nesse último século houve uma mudança profunda na organização social, nos 
valores, nas relações econômicas e nos planos políticos. Exige-se que a 
educação tenha a resposta para todas as questões, o que é um grande 
equívoco. A escola tem a sua importância na formação de cidadãos. Porém, não 
pode atender a todas as demandas colocadas sobre ela. “Essa responsabilidade 
deve ser dividida com outros agentes sociais” Elias Fraga Germanowicz. 2000.
Entre os agentes sociais está a família. É inquestionável que os pais têm um 
papel insubstituível e determinante na educação dos seus filhos. Uma das 
vertentes mais importantes deste papel tem a ver com o quadro de valores que 
todos nós permanentemente necessitamos, como “bússola de orientação” das 
nossas opções. Partindo deste pressuposto, podemos afirmar que deve haver 
ligação entre família e escola e ambas precisam partilhar a responsabilidade 
no processo educacional.
 
A DEUS O QUE É DE DEUS A CESAR O QUE É DE CESAR
Cobra-se da escola uma educação globalizada e exigi-se dos países emergentes 
resultados rápidos e soluções imediatas para problemas antigos e 
“cabeludos”. Essas cobranças vão sendo passadas hierarquicamente.  O governo 
cobra das escolas resultados, mesmo que sejam fictícios. Criam campanhas 
para que todos os alunos em idade escolar estejam na escola. Entretanto, não 
cria condições para mantê-los estudando. Repetência zero! Porém as 
circunstâncias que levam a aprendizagem não são observadas. A estes, se 
derivam vários outros problemas, como a falta de qualidade levada pelo “oba 
- oba”. Nos alunos, há pouco interesse pelos estudos, pois sabem que não vão 
ser reprovados; Os professores por sua vez são descomprometidos com o 
ensino.
O desinteresse  é notório.  Para alguns alunos, o ponto forte da escola é a 
merenda, ou outros lucros como a bolsa escola, etc.  A escola é apreciada 
como espaço de lazer.
O resultado nos índices de promoção do desenvolvimento escolar no Brasil é 
impressionante, porém, quando a  Avaliação é de caráter  Internacional, 
percebe-se o grande disparate que pode ser percebido toda vez que  se faz 
necessário uma mão de obra qualificada. A solução é, na visão de todos, 
buscar  educação fora do país ou simplesmente importar mão de obra.
Às vezes nos parece que quanto mais buscamos soluções para os problemas 
educacionais, tanto mais eles se avolumam. Ainda não temos as respostas para 
a questão que nos levou a escrever este artigo. Mas, com certeza, estão 
sendo procuradas por meios acadêmicos, nas assembléias constitucionais, etc. 
Estão sendo levantadas perante o público através da mídia e discutidas 
amplamente pela sociedade. O que nos leva a crer, que a educação deve sofrer 
transformações profundas, para se adequar aos novos desafios que estão sendo 
propostos.
“A administração das escolas deveria ser feita por uma comissão, efetuada de 
maneira coletiva. Deveria ter sempre encontros mensais, bimestrais, onde 
professores e alunos discutissem problemas, trocassem experiências e juntos 
planejassem novas etapas”, diz Juracy, aluno do ensino Médio da escola 
Noêmia Rego.
 
Essa discussão já é uma maneira de mostrar o quanto é incômodo à situação 
educacional e que precisamos reverter o quadro o quanto antes, acreditando 
sempre que só a educação em caráter r transformador capaz de mudar o país.
É preciso ter consciência do nosso papel como educadores e dedicar-nos a 
este ofício com o compromisso de quem educa “não só para a vida, como para a 
eternidade”.  Como dizia o grande mestre Paulo Freire:
“Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras: ai daqueles ou 
daquelas, entre nós, que pararem com sua capacidade de sonhar, de inventar a 
sua coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles ou daquela que, em lugar 
de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo encorajamento 
pelo o hoje, com o aqui e com o agora, ai daqueles que, em lugar desta 
viagem constate ao amanhã, se atrelarem a um passado de exploração e de 
rotina”.
Freire
No presente trabalho objetivemos mostrar que não existe um único “culpado” 
pelo fracasso escolar.  A escola, os docentes apresentam-se como palco deste 
combate. Tornar toda pessoa capaz de melhor compreender o mundo social e 
cultural que lhe rodeia, de torná-la autônoma, capaz de influenciar o meio 
em que vive, compreendendo o aspecto da relativa evolução da sociedade e a 
sua própria evolução deve ser o objetivo de todos que estão ligados direta 
ou indiretamente à educação. Se não houver esse desejo de aperfeiçoamento, 
de abnegação, de contribuir para o bem comum, então é preciso repensar se 
vale apenas continuar fingindo que faz educação.
Portanto, buscar soluções para o fracasso escolar não consiste em 
marginalizar o estudante nem incriminar o educador, mas, ampliar o espaço 
para outras variáveis que também influenciam no processo da aprendizagem 
como a instituição, o método de ensino, a relação entre quem ensina e quem 
aprende, os aspectos sócio-culturais, a história de vida do sujeito, entre 
outras.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS
 
PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar. São Paulo: T.A.Queiroz, 1991
 
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21 ed. rev. ampl. São 
Paulo:     Cortez, 2000
 
FLEURI, Reinaldo Matias. Educar Para Quê? Contra o autoritarismo da relação 
pedagógica na escola. São Paulo: Cortez Editora - 9ª edição, 1997
 
TIBA

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