RACASSO DOCENTE OU DISCENTE ? – ONDE ESTÁ O CULPADO? _¹ Josiane Santos de Oliveira- Professora da Escola Nilo Coelho graduada em Licenciatura em Geografia ² Durante a realização do curso de Licenciatura em geografia foram apresentadas teorias sobre metodologias que deveriam ser colocadas em prática em sala de aula. Discussões vinham e iam e lá estávamos nós, professor e alunos, retomando, reavaliando, rediscutindo assuntos já discutidos. Tais assuntos parecem contrapor com o cotidiano visto nas unidades de ensino, o que causou-nos um desconforto que levou-nos a pergunta: O fracasso observado no sistema educacional de quem é a culpa? Quando se fala em fracasso, supõe-se algo que deveria ser atingido. Ele é definido por um mau êxito, uma ruína. Porém mau êxito em quê? De acordo com que parâmetro? O que a nossa sociedade atual define como sucesso? Daí a necessidade de analisar o fracasso no sistema educacional de forma mais ampla, considerando-o como peça resultante de muitas variáveis. Para arriscarmos responder à pergunta, entendemos ser necessário refletir, primeiro sobre que modelo de educação e sociedade estamos falando e que tipo de cidadão queremos formar. A LDB 9394 art. 62 estabelece: “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação...”. Podemos entender que a Lei de Diretrizes e Base requer a formação qualificada de professores. Esta propõe que todos os educadores devem está cursando uma faculdade até o ano de 2007. Diante deste pressuposto, podemos entender uma responsabilidade maior em torno da formação docente. Devemos também colocar em pauta que muitos educandos se colocam em campo de defesa, pois a mesma que requer a qualificação de professores adota o sistema da não reprovação. Isso abarca conflitos na relação docente verso discente. Pois a motivação do aluno é condicionada pela necessidade de obtenção notas e a do professor de receber seu salário. UM PASSO PRA FRENTE DOIS PASSOS PARA TRÁS? O curso de geografia considera essencial a formação de professores como ponto de partida para dar aos alunos a oportunidade de participar de programas de educação científica, bem como oportunizar o professor a utilizar desse requisito no exercício de sua docência. Para tanto tem realizado estudos tanto na área de pesquisa quanto no campo da docência, sendo considerado como um grande avanço na geografia. Entendemos que é na escola que o aluno inicia sue trajeto profissional, por isso faz-se necessário a urgência de uma prática cada vez mais próxima da realidade do aluno que está em contato com o mundo. No entanto o fato é que o ensino de base presenciado nas salas de aula durante nossas observações de estagio nega os estudos e avanços de pesquisas. “A educação escolar e o professor que a ministra não têm, no geral, um referencial de mundo que se compatibiliza com a realidade circundante e com seus possíveis avanços. O espaço educacional parece imune, preservado desses avanços, mantendo o velho, pela indiferença às mudanças do meio” (MANTOAN, 1997). Para Jacques Delors, 1999, “... as aprendizagens devem evoluir e não podem ser consideradas com simples transmissão de prática...”. A educação é impossível a não ser que o sujeito encontre algo no mundo que lhe permita se construir dando-lhe um novo sentido, uma experiência em que se torna sujeito ativo na construção de sua própria senda. Tomando por referência as atividades próprias do sujeito do saber ser, fazer, conhecer e conviver. A QUEM ATRIBUIR A RESPONSABILIDADE? O fracasso escolar ou a falta de interesse pelas aulas, de forma enigmática, sobressalta nossas inquietações. Em geral os professores explicitam teorias abstratas que não alcançam os educandos e os mesmo respondem com sua falta de motivação dizendo: “Eu não vejo nada de interessante nas aulas, os professores até que são legais, porém, fazem sempre as mesmas coisas, outros não ensinam nada, por isso eu só vou a escola em época de prova. Apareço de vez em quando para não perder a vaga”, diz Elder Carlos, estudante do Colégio Estadual Noêmia Rego, repetente há três anos na 1ª série do Ensino Médio. Precisamos entender o que está acontecendo com nossas escolas, o que e quanto ainda precisa mudar. A educação deve está alicerçada em quatro pilares que são: Segundo César Coll “A realidade sócio-cultural e econômica do aluno interfere e influencia no seu desempenho escolar, assim como as condições de trabalho do professor e o aparato que o sistema oferece para formação e aprimoramento de sua prática.” Coll(2002) Alguns educadores atribuíram aos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), a responsabilidade de exigir excessivamente, levando ao descaso dos professores que se vê impotente em realizar o que se espera, o que é uma idéia totalmente descartada , pois os PCNs foram apresentados apenas como referência e não uma obrigatoriedade. Não podemos dizer a quem podemos atribuir a responsabilidade para que o ensino seja tão insalubre para os alunos. Porque para responder a esta questão precisamos refletir bem sobre o que se espera da escola em seu papel social. Nesse último século houve uma mudança profunda na organização social, nos valores, nas relações econômicas e nos planos políticos. Exige-se que a educação tenha a resposta para todas as questões, o que é um grande equívoco. A escola tem a sua importância na formação de cidadãos. Porém, não pode atender a todas as demandas colocadas sobre ela. “Essa responsabilidade deve ser dividida com outros agentes sociais” Elias Fraga Germanowicz. 2000. Entre os agentes sociais está a família. É inquestionável que os pais têm um papel insubstituível e determinante na educação dos seus filhos. Uma das vertentes mais importantes deste papel tem a ver com o quadro de valores que todos nós permanentemente necessitamos, como “bússola de orientação” das nossas opções. Partindo deste pressuposto, podemos afirmar que deve haver ligação entre família e escola e ambas precisam partilhar a responsabilidade no processo educacional. A DEUS O QUE É DE DEUS A CESAR O QUE É DE CESAR Cobra-se da escola uma educação globalizada e exigi-se dos países emergentes resultados rápidos e soluções imediatas para problemas antigos e “cabeludos”. Essas cobranças vão sendo passadas hierarquicamente. O governo cobra das escolas resultados, mesmo que sejam fictícios. Criam campanhas para que todos os alunos em idade escolar estejam na escola. Entretanto, não cria condições para mantê-los estudando. Repetência zero! Porém as circunstâncias que levam a aprendizagem não são observadas. A estes, se derivam vários outros problemas, como a falta de qualidade levada pelo “oba - oba”. Nos alunos, há pouco interesse pelos estudos, pois sabem que não vão ser reprovados; Os professores por sua vez são descomprometidos com o ensino. O desinteresse é notório. Para alguns alunos, o ponto forte da escola é a merenda, ou outros lucros como a bolsa escola, etc. A escola é apreciada como espaço de lazer. O resultado nos índices de promoção do desenvolvimento escolar no Brasil é impressionante, porém, quando a Avaliação é de caráter Internacional, percebe-se o grande disparate que pode ser percebido toda vez que se faz necessário uma mão de obra qualificada. A solução é, na visão de todos, buscar educação fora do país ou simplesmente importar mão de obra. Às vezes nos parece que quanto mais buscamos soluções para os problemas educacionais, tanto mais eles se avolumam. Ainda não temos as respostas para a questão que nos levou a escrever este artigo. Mas, com certeza, estão sendo procuradas por meios acadêmicos, nas assembléias constitucionais, etc. Estão sendo levantadas perante o público através da mídia e discutidas amplamente pela sociedade. O que nos leva a crer, que a educação deve sofrer transformações profundas, para se adequar aos novos desafios que estão sendo propostos. “A administração das escolas deveria ser feita por uma comissão, efetuada de maneira coletiva. Deveria ter sempre encontros mensais, bimestrais, onde professores e alunos discutissem problemas, trocassem experiências e juntos planejassem novas etapas”, diz Juracy, aluno do ensino Médio da escola Noêmia Rego. Essa discussão já é uma maneira de mostrar o quanto é incômodo à situação educacional e que precisamos reverter o quadro o quanto antes, acreditando sempre que só a educação em caráter r transformador capaz de mudar o país. É preciso ter consciência do nosso papel como educadores e dedicar-nos a este ofício com o compromisso de quem educa “não só para a vida, como para a eternidade”. Como dizia o grande mestre Paulo Freire: “Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras: ai daqueles ou daquelas, entre nós, que pararem com sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles ou daquela que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo encorajamento pelo o hoje, com o aqui e com o agora, ai daqueles que, em lugar desta viagem constate ao amanhã, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina”. Freire No presente trabalho objetivemos mostrar que não existe um único “culpado” pelo fracasso escolar. A escola, os docentes apresentam-se como palco deste combate. Tornar toda pessoa capaz de melhor compreender o mundo social e cultural que lhe rodeia, de torná-la autônoma, capaz de influenciar o meio em que vive, compreendendo o aspecto da relativa evolução da sociedade e a sua própria evolução deve ser o objetivo de todos que estão ligados direta ou indiretamente à educação. Se não houver esse desejo de aperfeiçoamento, de abnegação, de contribuir para o bem comum, então é preciso repensar se vale apenas continuar fingindo que faz educação. Portanto, buscar soluções para o fracasso escolar não consiste em marginalizar o estudante nem incriminar o educador, mas, ampliar o espaço para outras variáveis que também influenciam no processo da aprendizagem como a instituição, o método de ensino, a relação entre quem ensina e quem aprende, os aspectos sócio-culturais, a história de vida do sujeito, entre outras. REFERÊNCIAS PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar. São Paulo: T.A.Queiroz, 1991 SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21 ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2000 FLEURI, Reinaldo Matias. Educar Para Quê? Contra o autoritarismo da relação pedagógica na escola. São Paulo: Cortez Editora - 9ª edição, 1997 TIBA
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
FRACASSO DOCENTE OU DISCENTE ? – ONDE ESTÁ O CULPADO?
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